
(…) Mas amor, eu só estou renegando à mim mesma. Afinal, não seria justo lembrar-me do passado toda noite antes de dormir, e ainda assim, permitir-me à ver uma lágrima correndo no meu rosto. Não seria admirável questionar à mim mesma e ao mesmo tempo ver-me responder tão aflita, antes que outra pessoa mostrasse-me a verdade. Não seria oportuno se auto-mentir apenas para ver se as coisas subiriam de nível. Não seria justo chorar todas as escuras e frias noites por — para ser direta — um babaca. Não seria justo sentir medo pelo o frio. Mas não aquele que respiramos, não aquele que aumenta e diminui à todo momento; mas aquele permanente, instável, imudável. Aquele que vem de dentro, fazendo com que tudo rapidamente virasse algo pior que gelo. Sólido, e frio. Apenas. Não seria justo sentir medo deste pior-que-gelo, seria? E se este nunca fosse embora? E se de fato fosse permanente? (…) Não seria justo sentir tanta falta de alguém, e este não sentir nada por você. Pelo menos, não mais. Pois tudo aquilo que algum dia já havia sentido, preferiu jogá-lo à qualquer mar, cheio de falsas esperanças, e — quem diria — de saco cheio. Quis livrar-se o mais rápido possível. Correu contra o tempo. Ousou-se à desafiar o tal “tic-tac”. Encheu-se de orgulho e amor próprio para não se ver errando mais uma vez. Encheu-se de ilusões também… Falsas mudanças. Ausência de mudanças. (…) Não seria justo. De fato, não. Não seria, mas é, amor. Infelizmente é. Rute Aragão
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