
Eu preciso ficar sozinha, colocar os meus pensamentos no lugar. Me lembrar de como eu era e como eu nunca mais vou me sentir… Quanta inutilidade.
…Sinto saudades de como eu costumava me sentir. Eu era uma pessoa extremamente calma, mantinha sempre minhas emoções controladas, nunca me estressava por coisas mínimas e procurava pensar muito antes de agir. Eu sabia quando eu estava com a razão e quando eu estava sendo egoísta demais para admitir. Eu costumava a aceitar bem as pessoas e suas opiniões, tentava mostrar à elas o meu lado e quais eram os seus benefícios. Nunca obrigava ninguém a me aceitar por mais que meus defeitos os incomodassem ou minhas qualidades os ofuscassem. Com o tempo eu fui perdendo as minhas virtudes porque me deixei levar por pessoas que só queriam destruir a minha vida. Eu sabia amar, e sabia enxergar quem me amava de verdade, isso facilitava o meu ponto de vista e o que eu faria a respeito dessa situação. Me senti confusa com algumas coisas e deixei de me preocupar comigo mesma, passei a apenas atender os pedidos de quem estava ao meu lado, esquecendo-se assim dos meus sonhos que eu planejava realizá-los. Houve um tempo em que eu acordava de manhã e me olhava no espelho não em reconhecendo. Não porque minha aparência física tinha mudado, ou as marcas do tempo começaram a surgir no meu rosto. Mas sim porque eu via o reflexo dos meus olhos e não sentia mais que eles eram felizes, eu conseguia ver minha alma de tal forma que acho que ninguém jamais pode enxergar, só que isso me machucou. Doeu ver a imagem daquela garota doce e meiga morrendo, doeu ver todas as qualidades que eu reuni minha vida toda, indo por água abaixo. Doeu saber que eu tinha mudado por tanto tempo e nem tinha percebido. Doeu perceber que não tinha mais volta e que meu caminho eu ja havia começado a trilhar. O que me restava era seguir essa jornada sem olhar para trás, sem deixar uma lágrima escorrer dos meus olhos e sem deixar que meu coração perceba o arrependimento que arde em minha mente. O pior é o sentimento de nostalgia que me domina pro completo todas as noites. A sensação de impotência, por não poder fazer nada para concertar a minha vida. A sensação de tristeza por saber que tudo estava acabado e que a culpa era explicitamente minha. Sinto saudades de me olhar no espelho e me senti bem comigo mesma. Sinto saudades dos meus sorrisos espontâneos e verdadeiros. Sinto saudades das cores que costumavam brotar na minha mente sempre que eu sentia uma vitalidade extra de viver a vida. Sinto saudades de poder enxergar sempre o lado bom de tudo e fazer com que seja assim sempre. Sinto saudades de poder escrever e me sentir bem fazendo isso… Sinto saudades de mim mesma, de uma forma que eu nunca pensei que seria capaz de sentir antes, de uma forma angustiante e atormentadora. Como se meu passado jamais pudesse voltar à minha vida para eu poder concertar os meus erros e praticar mais acertos.
Rute Aragão
Postar um comentário